VIVER ENTRE O BEM E O MAL


Provem, e vejam como o SENHOR é bom. Salmo 34: 8

A vida vem de Deus; um sopro invasivo que nos torna sensíveis. Ele no-la deu com uma consciência para que viver fosse um experimentar-Deus.

A criatura experimentando o Criador, ou o finito experimentando o infinito.

Se isto está correto, viver é antes de tudo uma experiência sensorial e não moral. A dádiva da existência o meio de se experimentar os sabores da vida. Desta maneira viver é uma questão de paladar. Aprende-se viver saboreando a vida e quando o paladar apura entra a morte.

Deus é sentido e não entendido. A verdadeira vida é experimentada e não definida.

Assim podemos afirmar que a experiência de viver neste mundo não é boa ou má, mas doce ou amarga. Uma vida menos conceitual e mais sensorial.

Quando falamos que o mundo é ruim, precisamos adequá-lo em uma referência ao sabor e não à moral.

Na narrativa do Éden em Gênesis, a procura de Deus por Adão sobre sua localização, não é uma busca de definição espacial, mas uma busca existencial. Tanto que a resposta de Adão não foi o óbvio de estar detrás de uma moita, mas ele respondeu que teve medo. A experiência de vida negativa de Adão se deu com o amargo medo e não com o conceito de certo e errado que desconhecia. Enfatizo que teve medo e quando comeu o fruto não foi malévolo, apenas inexperiente.

Quando Deus criou tudo, colocou sobre nós a responsabilidade de escolher entre o bem ou o mal e assim vivermos. Neste mundo Deus não é responsável pelo bom, isto cabe a nós. Somos e sempre seremos cobrados de um mundo bom ou mal.

Caim no uso de seu livre arbítrio pôde fazer o mal ao matar seu irmão Abel. Mas a experiência de Abel em morrer e dos pais em lidar com a morte de um filho não foi um mal ou a falta do bem, foi amarga. A amarga experiência da finitude humana.

Nas atribuições de responsabilidade se encontram o bem ou o mal.

Se deixarmos de olhar o viver por um conceito moral e o referenciarmos pela experiência do paladar, perceberemos que as experiências negativas intra-mundanas não são relativas à bondade e maldade, mas sim ao amargo e doce.

Para uma melhor experiência de vida e nossa própria humanização, precisamos compreender que aquilo que contraria nossas expectativas neste mundo, não é um inimigo. Não é um mal obstinado e destinado a atormentar a saga humana, mas trata-se de uma experiência com o amargo. Assim como o inverso, a concretização dos sonhos, não é uma promoção do bem, mas uma experiência com o doce da vida.

Existir portanto, não é participar de um campo de batalha entre o bem e o mal em que de vez quando sobram respingos, ora das entidades espirituais benignas, ora das malignas. Nem tampouco ficar na expectativa de que Deus nos proteja e afugente o mal.

Existir consiste em experimentarmos de tudo, desde o amargo ao doce que a própria natureza finita da vida proporciona. Assumirmos a responsabilidade do bem e do mal neste mundo e experimentarmos Deus e saboreando-o comprovarmos que Ele é bom.

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