A Ditadura e Eu
Eu não fui vítima direta do golpe de 64. Ninguém da minha família e nem mesmo conhecido, que eu saiba, foi torturado. Minha igreja, minha escola, meus professores, minha cidade, minha família, concordava com os posicionamentos oficiais do governo. O Marechal de Messejana, fazendo uma “esterilização política” era um organizador nacional que estava colocando a casa em ordem. Comunistas precisavam de surra para aprender a boa educação. Nada melhor do que a polícia para educá-los, afinal, a polícia foi feita para os maus, e esses deveriam ter medo. Nós não. Estávamos do lado do bem. Da Ordem e do Progresso. A formação política na escola era através de duas matérias: a E ducação M oral e C ívica e a O rganização S ocial, P olítica B rasileira. Antes de entrar para as aulas, todos perfilados, cantando hino da escola, da pátria, da bandeira, da independência. Dia 07 de setembro, com parada militar, era o grande evento e nós desfilávamos também com as bandas marciais das