Fé e Política: bênção ou maldição?
Fé e Política: bênção ou maldição?
O alerta de Spurgeon
Charles Spurgeon advertiu: “Somente os tolos acreditam que política e religião não se discute. Por isso os ladrões continuam no poder e os falsos profetas continuam a pregar.” Mais de um século depois, sua frase permanece assustadoramente atual. O hábito de silenciar diante desses temas, acreditando que isso evitará conflitos, não trouxe paz. Trouxe ruína. A omissão nunca é neutra: ela fortalece justamente aqueles que exploram a fé para manter poder e injustiça.
Fé que ultrapassa os muros
A fé cristã não é confinada ao templo. Ela se manifesta nas escolhas que determinam a vida em sociedade. Falar de dignidade humana é falar de fé — mas também de saúde pública, moradia, combate à fome. Afirmar que todos são imagem de Deus é fé — mas também é exigir igualdade de direitos e combate à discriminação. Justiça, misericórdia e verdade não são apenas virtudes religiosas: são princípios que deveriam guiar a política.
Política que revela valores espirituais
Do outro lado, a política também revela seu rosto espiritual. Leis que privilegiam poucos e condenam muitos à miséria institucionalizam o pecado. Líderes que transformam púlpito em palanque fazem da religião um instrumento de opressão. E a fé, quando se rende ao jogo do poder, deixa de ser boa notícia para se tornar ideologia.
O desvio da pauta moralista
É aqui que entra o risco da pauta moralista. Quando a religião se limita a condenar comportamentos individuais e fecha os olhos para a fome, a corrupção, o racismo e a desigualdade, trai o Evangelho. Essa distorção não aproxima a fé de Deus, mas a transforma em ferramenta de controle e julgamento.
Reino ou ruína
A verdade é que fé e política nunca estiveram separadas. A fé, quando autêntica, inspira lutas por justiça; e a política, quando justa, reflete valores espirituais. Quando uma se afasta da outra, abre-se espaço para a corrupção da política e para a esterilidade da religião.
A pergunta, portanto, permanece: fé e política, bênção ou maldição? A resposta dependerá da nossa escolha: calar diante da injustiça, ou assumir o compromisso de viver e anunciar um Evangelho que transforma também a vida pública.
Eliel Batista
Instagram @profelielbatista
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