CUIDADO COM DEUS
NÃO O TIRE DO SÉRIO!
O apóstolo Paulo se referiu ao cristão como “embaixador” e também como "carta de
Cristo". Aquele que manifesta Deus no mundo.
Através
de sua maneira de viver, ele coloca seus observadores em contato com o significado
de Deus e como deve ser esse Deus.
Não
é de se estranhar o porquê muitos resistem em crer ou desconfiam desse Deus
revelado no ethos
de considerável número de crentes.
Tudo
na fé do crente testemunha a respeito de Deus:
Aquilo que possibilita os cultos e viabilizam as marchas e concentrações, o que faz uma pessoa contribuir, participar de vigílias, subir montes à noite, jejuar, ler a Bíblia e "defender" o evangelho revelam as características de Deus.
Aquilo que possibilita os cultos e viabilizam as marchas e concentrações, o que faz uma pessoa contribuir, participar de vigílias, subir montes à noite, jejuar, ler a Bíblia e "defender" o evangelho revelam as características de Deus.
A
partir dessa observação, de como se comportam os crentes, além de conhecermos suas
crenças, podemos traçar um perfil desse Deus ao qual se cultua.
Não que Deus seja objetivamente de tal forma, porém se assim se relacionam com Ele, isso demonstra como Ele é compreendido e recebido.
Não que Deus seja objetivamente de tal forma, porém se assim se relacionam com Ele, isso demonstra como Ele é compreendido e recebido.
O
ethos gospel,
manifestado por esse país afora, leva a perceber que no divã de Freud, dentre
as muitas possibilidades, esse deus tem um alterego: o diabo.
Diante
de algumas declarações de fé, defesas doutrinárias, frases clichês, jargões gospels,
citações de textos bíblicos a esmo e propagandas de cultos parece que Deus deve
ter algum fascínio pelo diabo.
Sem
dizer que desse modo, se os servos de Deus têm necessidade e precisam se reunir
para fazer frente ao diabo, sem ele, Deus perde sua função.
Em
última instância, o diabo acaba sendo a necessidade de subsistência divina, tal
qual o superhomem, se não existir um vilão ele é desnecessário. Sem o diabo
deus parece não fazer sentido.
(não vejo Deus como uma função ou uma utilidade, mas dada a questão parece que sua existência estaria assim condicionada).
Afirmar a existência do diabo é outra questão, não proposta aqui, mas sim como se dá a crença nesse diabo. Por isso, imaginando que nesse ponto alguém diria: "o diabo não
existe é uma artimanha do diabo para destruir eternamente as pessoas”, pergunto:
Crer no diabo passa a ser imprescindível para que as pessoas sejam salvas?
Outra
coisa: se o diabo não existir há disposição e razão para uma pessoa continuar
servindo a Deus, sendo fiel, guardando-se do pecado?
Se
a conclusão é que os crentes não seriam mais crentes, o diabo é o principal
personagem da fé e Deus depende dele.
Dessa forma também
poderíamos dizer que Deus não destrói o diabo de vez porque estaria relegado a
um eterno tédio de inutilidade:
-
Sem a necessidade de proteger as pessoas de salvá-las das artimanhas malignas
em quê ele poderia atuar?
-
Pessoas sem medo do diabo procurariam Deus?
Nessa condição, os crentes estariam enganados em serem antidiabo, afinal ele é quem dá uma sobrevida a esse deus.
Sem o diabo,
existiria bondade no mundo?
Diante desse tema, diferente do que possam discursar como fé, a maneira como muitos se comportam demonstra que sem o diabo o mundo estaria perdido. Por quê? Porque parece que o diabo seria aquele que restringiria uma pessoa de ser má. As pessoas
estariam livres, entregues a si mesmos e seria “bandalheira total”.
Não correndo o risco de ser eternamente atormentada, pensa-se que ninguém
mais precisaria ser bom, fiel e ético.
Sendo
assim, estaria o diabo no final das contas causando um bem e levando as pessoas
a amarem?
Nesse caso, Deus mesmo, em última análise, é o diabo e não Deus, porque se o próprio Deus depende dele para ser Deus na vida das pessoas, e é a razão pela qual elas cumprem o mandamento divino, ele, o diabo, é a causa de tudo e não Deus.
E não diga que "Deus usa o diabo para isso". Não é digno de confiança um Deus que como um sequestrador coage através do medo e ameaças de morte.
Se
alguém for bom para não ser "pego" pelo diabo esse alguém não é bom, mas hipócrita. É mal e reprime toda a maldade pelo medo do diabo e não porque sua alma aspira por tudo
o que é de Deus.
Se
o diabo e o inferno formam a razão de uma pessoa ser boa, ética, honesta,
servir a Deus e amá-lo, essa pessoa é controlada por aquilo que o diabo oferece: o medo. Contrário a Deus cujo amor libertador lança fora o medo.
Há
quem diga: "Cuidado com Deus".
Mas
afinal, se fizermos o mal Deus ou o diabo quem nos “pega”?
Nessa
lógica tanto faz, pois ego e alterego divino fazem o jogo e a situação só
piora, pois nessa condição se confirmaria esse Transtorno Dissociativo de
Identidade tal qual com Bruce Banner, que ao ser provocado, se torna no
Incrível Hulk.
Ousaria
dizer que se uma pessoa usa Deus como forma de ameaça para que a outra obedeça,
o diabo é um mal contido no seu próprio coração, pois é a quem ela quer dar vazão. E
ainda nesse caso ela obedece a ele, pois considera a opressão e até mesmo a
aniquilação do próximo como algo correto, ético e divino a acontecer.
Fazer
isso, mesmo que, em nome da justiça não é de Deus.
Ameaçar
alguém com Deus, querendo ou não, é anunciar Deus como destruidor, um homicida.
Certa
vez Jesus disse em João 8:44 “Vocês
pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi
homicida desde o princípio...".
Outra vez Jesus disse que alguns achavam que destruindo o outro estariam fazendo um serviço a Deus. Tal qual Paulo que ao perseguir e desfazer daqueles que criam diferente de sua fé acreditava que estaria do lado de Deus, cumprindo um mandato divino. Descobriu por fim que dessa forma, em vez de santo, era "o pior dos pecadores".
Quem serve a Deus por medo tira Ele de sua própria vida.
Quem serve a Deus por medo tira Ele de sua própria vida.
Usar
Deus para impingir medo nas pessoas é ser contra Deus.
“Jogar”
o diabo contra o próximo, o amedrontando, contraria o evangelho que anuncia a
destruição do diabo e suas obras malignas.
Recordando o já dito: “o amor lança fora o
medo”. “Deus é amor”.
Sei,
claro que sei, que sempre aparece alguém para por uma vírgula depois do amor e
dizer: “mas é justiça”.
De
fato, porém justiça conforme revelada em Jesus Cristo.
Gl 3:21
...se a justiça vem pela Lei, Cristo
morreu inutilmente!
Is 42:3
“Não quebrará o caniço rachado, e não
apagará o pavio fumegante. Com fidelidade fará justiça”.
Para
Deus, derramar sangue e causar aflição não é justiça. Justiça para Ele promove paz
e confiança:
Is 5:7
“Ele esperava justiça, mas houve
derramamento de sangue; esperava retidão, mas ouviu gritos de aflição”.
Is 32:17
“O fruto da justiça será paz; o resultado
da justiça será tranqüilidade e confiança para sempre”.
A
justiça divina não destrói; produz vida. Se fosse segundo alguns que acreditam
ser destrutiva, nem eles mesmos escapariam, mas insistem em querer a destruição
daqueles a quem Deus ama e pelos quais deu o seu Filho.
João 3:17
“Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo,
não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele”.
Anunciar
uma mensagem diferente dessas palavras de Jesus é discordar do próprio Jesus,
além de correr o risco de, como embaixador de Cristo, demonstrar com seu
testemunho de vida um diabo como o alterego de Deus, nesse caso estaria certo o
alerta, “cuidado com Deus, não o tire do sério!”
Corram para Cristo, rendam-se a Ele, pois ele anulou o poder da morte. Ele é a ressurreição e a vida.
Não precisam tomar cuidado com Deus, ele os quer bem.
Podem confiar completamente nele, porque Ele sim é que tem cuidado de cada um como filho.
Eliel Batista
Excelente e necessária reflexão!
ResponderExcluirObrigado Julia
ExcluirGostei da reflexão. Isso é filosófico. Parabéns professor.
ResponderExcluirGrato Rodrigo
ExcluirÓtimo texto, como de hábito, que desafia nossos pressupostos mais comuns. Obrigado Eliel por compartilhar conosco mais esta partícula da Graça.
ResponderExcluirLisonjeado André. Agradeço a visita
ExcluirUma honra para mim ter alguém de além mar António. Obrigado.
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