Os Céus dos Galileus

Há dois céus sobre nós — e talvez em nós. Dois modos de olhar o infinito, dois caminhos para compreender a vida. O céu do Galileu de Nazaré e o céu de Galileu Galilei . O primeiro céu, do Galileu de Nazaré, é o do pescador. Aquele que, ao olhar para cima, não busca respostas cósmicas, mas o sinal de que o tempo será bom para o trabalho, de que o vento soprou do lado certo. O céu que decide o pão do dia, o rumo do barco e o humor da alma. É o céu que sabe que é na interação com a natureza que se chega ao “ dai-nos hoje o pão de cada dia ”. Quando Jesus fala: “ Pai nosso que estás nos céus ”, esse homem simples não pensa em astros ou galáxias. Ele pensa em presença. Pensa num Deus que sopra o vento certo, que acalma o mar, que reparte o peixe, que ilumina a madrugada fria com o sol de um novo começo. O céu, para ele, não é um lugar distante — é o sopro que o sustenta. É o espaço entre o medo e a fé, onde se lança a rede mesmo depois de noites vazias. É o céu da confiança, da relação, do...