A submissão é medieval?


Submissão é muito mais do que um consentimento calado. Não se trata de subserviência. É uma postura interior que coloca em prática os valores do Reino de Deus.

Alguém com esta virtude em seu coração sabe com mais intensidade o valor da vida em comunidade e sua sensibilidade espiritual é muito mais apurada, pois compreende o que significa ter o Espírito de Cristo e consegue olhar com bons olhos para o outro considerando-o importante. É por esta razão que a submissão permeia toda a vida cristã, como diz a Bíblia:
- "Sujeitai-vos uns aos outros em amor".
- "Sujeitem-se aos vossos líderes",
- "Sejam submissos às vossas autoridades
(governamentais)",
- "Submetam-se aos vossos pastores, pois velam pelas vossas almas",
- "Filhos sejam submissos aos vossos pais".

A submissão Bíblica não existe por razões hierárquicas, mas sim em função de valores nobres de reconhecimento e também espirituais, pois salvaguarda as relações em sociedade. A submissão parte de um coração doce que olha para o outro e o vê com dignidade, ela nasceu no coração de Deus, "que a si mesmo se esvaziou e tornou-se servo"....
Diferente disto e que causa muita discórdia está a subordinação. O soldado está debaixo de ordens de seus superiores.

Uma pessoa insubmissa tem em si uma aspereza que dificulta o desenvolvimento e crescimento do grupo em que está inserida, seja família, amigos, igreja, ou líder em qualquer dimensão. A Bíblia aponta para o fato de que a insubmissão começou com um homicida desde o princípio, o pai da mentira, a antiga serpente, que desconsidera o outro a ponto de desejar apenas destruir.
Uma pessoa assim se torna altiva, controladora e pensa de si mesmo mais do que convém, achando-se sempre com a razão. Mas alguém assim, com certeza sofre muito, e acaba caindo naquilo que a Bíblia diz: "A altivez precede a ruína". Sua alma esta preste a ruir.

Deus em sua infinita sabedoria colocou a submissão permeando todos os âmbitos sociais: da família (nascimento) ao céu (eternidade).
É ela que é a força capaz de inibir o surgimento de alguns do tipo Hitler.

A guerra contra o Iraque veio de um sujeito que não sabe o que é se submeter ao grupo social dos países, e justamente acusando o outro de não se comportar de acordo (submeter às normas) com o mundo em que vive.
Este é um bom exemplo de que o insubmisso se supervaloriza, proclama e ataca os erros dos outros sejam quais forem, justos ou não, mas seu ataque não é por questão de justiça, mas sim por causa de um coração duro, insensível.

Na expressão submissão está implícito a existência de uma missão.
Exemplo: Na Bíblia o casamento é uma missão que revela os valores do Reino de Deus: "Assim como a Igreja se submete à Cristo".
Na missão casamento a esposa deve ser submissa ao marido, porém ambos receberam uma missão e devem ser os guardiões dela.
Na prática: um marido que oprime sua esposa e cercea-lhe a liberdade de ser e desempenhar o seu papel está sendo insubmisso à missão de revelar Cristo através do casamento. Neste caso a insubordinação da esposa não necessariamente será "crime", mas luta pela liberdade: direito inalienável universal.
Vale lembrar que nos valores cristãos, Jesus deixa o princípio de que é melhor assumir os prejuízos do que causar uma guerra e ainda que a liberdade é o objetivo da mensagem. Ao conhecer a verdade a pessoa encontra a liberdade.
O papel da submissão é preservar os relacionamentos e o bem comum, por isso a Bíblia revela como algo positivo, bom.

O marido não dá ordens à esposa, mas possibilita-lhe a liberdade de interagir para que ambos cumpram a missão de demonstrar na construção de suas vidas e lar a pessoa de Cristo.

Quanto às autoridades nós devemos nos submeter ao governo , mas o governante por sua vez também é submisso ao mesmo governo, que no nosso país é exercido pela vontade do povo (democracia), por isso um protesto não necessariamente é insubmissão, mas defesa da missão (direito do povo de organizar sua sociedade).

Um submisso ao outro é o freio social com valor espiritual que tem a função de expurgar o individualismo em prol do bem comum.

A submissão não é cega nem burra, mas cooperante com a missão e cada qual é responsável pelo seu papel (lider e liderados).
Por exemplo: temos uma comunidade que é a Igreja, se cada um que tiver uma idéia e começar a coloca-la em prática sem levar em conta o outro, o resultado será uma comunidade dividida e esfacelada e um reino dividido disse Jesus: não subsiste

Com um ar de "espirituais" existem alguns que dizem: "Eu devo satisfação a Deus não aos homens". Quem assim age não conhece o Deus revelado em Jesus, na verdade esconde debaixo de uma capa religiosa o pecado da insubmissão e ainda faz uso de textos bíblicos para "fazer o que parece certo, mas apenas agrada ao ego", como nos dias caóticos dos Juízes em Israel (Jz 21:25), promovendo assim facções na igreja, por isso Paulo é duro ao dizer em Tito 3:10, que esta pessoa "depois de advertida duas vezes deve ser rejeitada", pois afinal ela se perverteu e por si mesma se condenou. Ela não consegue valorizar o o outro, respeitar o próximo, enfim não cumpre o maior mandamento de amar como Cristo amou.
Ela mesma se excluiu do bem comum. Deve-se tentar resgatá-la com todos os esforços.


Eliel Batista

Comentários

  1. Já diziamos no colégio: "Falou e disse" Pastor!
    Abraços.
    Quando puder dá uma olhadinho no nosso blog: www.celebraii.com

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  2. Obrigado,
    farei uma visita ao seu blog

    ResponderExcluir
  3. Fala Pastor e professor...
    To aqui nas férias passando em seu blog e lendo...As reflexões Teológicas continuam....
    Abraços
    Marcio Uno - marcioruno.wordpress.com

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  4. Eu confesso que tenho grande dificuldade em usar palavras como “submissão” e “subordinação”. Tamanha restrição de minha parte tem motivações bíblicas, espirituais, sociais, políticas, econômicas, culturais e psicológicas. Por isso, em resposta à sua indagação inicial, a minha impressão é que tais expressões são medievais, antigas, pós-modernas e modernas.

    Dependendo do texto bíblico analisado, tanto do AT quanto do NT, submissão não somente é subserviência como está fundamentada em razões exclusivamente hierárquicas. Numa realidade antiga e culturalmente diferente da nossa, em várias situações submissão é questão de sobrevivência. Logo, consentir calado/a é uma estratégia para quem não anela por ser um/a herói/heroína morto/a.

    Como exemplo, lembro-me de vários profetas-heróis-insubmissos-às-autoridades (véterotestamentários) que se levantaram contra reis repreendendo-os em nome de Deus e foram mortos. Supostamente o “Senhor” os havia colocado como governantes, todavia este mesmo “Senhor” envia o profeta para dizer que as autoridades estão erradas. Nos contextos em pauta, tais atos eram dignos de reprimenda e assassínio, pois se levantaram contra o “ungido” do “Senhor”.

    Vale lembrar que em diversas partes da Bíblia, tanto do AT quanto do NT, o casamento não é observado como espaço relacional para manifestação dos valores do Reino. Deste modo, a oposição da mulher em relação ao seu marido, reivindicações, questionamentos, e outras formas de insubordinação eram tratadas com corretivos violentos e, até mesmo, motivava divórcios. Por conseguinte, a maior prejudicada era a mulher. Os familiares possivelmente não a receberiam de volta e o futuro delas seria a mendicância ou a prostituição.

    Exemplificando, se por um lado Jesus orientava os/as discípulos/as a pagarem os tributos ao Império Romano, por outro ele incitava seus/suas seguidores/as a não se submeterem aos opressores romanos resistindo sem agressões com o exercício do amor, desmascarando as violências recebidas, expondo os abusos e não aceitando entrar na lógica daqueles/as que detinham o poder. Em outros termos, isso era um tipo de insubordinação.

    Talvez, aquilo que se nomeia neste texto como “submissão”, “subordinação” e, até mesmo, “sujeição” seria melhor compreendido em uma ótica do Evangelho (que é Cristo) como “relação de amor”. Na minha visão trata-se de uma entrega amorosa em prol do/a outro/a visando a construção de relacionamentos saudáveis e fortalecidos. Assim, não se entra em conflitos violentos porque todos/as buscam no Espírito Santo o poder para servirem afavelmente uns/umas aos/às outros/as. Habita nestas relações interpessoais a sensibilidade espiritual, o diálogo, o respeito, a proteção, a paz, o esforço pela busca da verdade, a liberdade, a justiça, a misericórdia, a humildade, a educação, a exortação afetuosa, a consideração justa e sincera pelas pessoas mais experientes e/ou “investidas de alguma autoridade”, a obediência mútua não imposta, a polidez das palavras, o direito de pensar e deixar pensar, a renúncia do ponto de vista individual em favor do bem-comum, a abertura para a mudança, o companheirismo, a cooperação etc.

    Enfim, eu prefiro usar a expressão “relação de amor”.

    Espero ter contribuído com a sua reflexão.

    Graça, paz e bem!

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  5. Caro Edemir,

    obrigado pela sua colaboração.
    Entendo que precisamos olhar para as palavras da Bíblia e re-concentuá-las à luz de Jesus.

    Quanto a mim não tenho problemas com a palavra submissão, desde que ela seja vista dentro dos conceitos que Jesus nos apresenta, e não como foi ou ainda é utilizada nas diferentes culturas.

    Compreendemos as relações da mesma maneira, mas as pessoas que valorizam o texto precisam de ferramentas para lidarem com s expressões, que passam por processos de transformação, pois afinal a palavra se renova.

    novamente obrigado

    abçs

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