Arriscando a Pensar Sobre a Dureza Da Vida


“E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom”. Gênesis 1:31

Tentar relacionar um Deus bom com um mundo mal, pode levar a inúmeras conclusões, inclusive a uma das premissas do ateísmo em deduzir que Deus não existe.
Ao pensar sobre a dureza da vida, não me atreveria considerar possuir uma resposta.
Apenas arrisco-me a compartilhar alguns pensamentos que satisfizeram minha alma, acalmaram meu coração e me desafiaram a crer com maior vigor em um Deus que ama.

Como compreender que Deus se deu por satisfeito com a criação, se constantemente acontecem coisas ruins em nosso mundo?
Se Deus é o autor da vida, e tudo acontece por sua vontade por que nascem bebês com deficiências graves?
Estes e outros questionamentos da mesma natureza permeiam o pensamento humano, principalmente daqueles que como Jó, sofrem.

A realidade.

Não existe possibilidade de se criar alguma coisa eterna. Se algo passou a existir por natureza é limitado, pois teve um começo. Deus trouxe à existência toda uma realidade física e biológica finita. A física, a história, a biologia e a Bíblia confirmam e afirmam que a vida é frágil e se desfaz.
A ordem de Deus “não matarás”, deixa bem claro que a realidade da criação se finda e pode contrariá-lo.
No eterno não há morte, mas toda a criação distinta, portanto livre, pode ter existência e experiências à parte dele. A vida por si só gera vida e pode ser exterminada.
A vida criada morre de forma natural, incidental, acidental ou dolosa. Mas a incriada jamais morre.
A morte coloca o homem frente a frente com uma experiência contrária a Deus.
O homem pode praticar o mal, uma particularidade desconhecida de Deus.

A criação.

Quando uma pessoa cria alguma coisa, se satisfaz com o resultado de sua criação por desmonstrar através dela superação. Ou ela sente que se superou ou que superou o que existe.
Se o bom de Deus ao criar fosse uma avaliação, de que conseguira superar o que existe, teria que admitir que trouxe à existência, algo maior do que a si mesmo. E por natureza Deus não pode fazer alguma coisa que o supere.


Podemos afirmar duas coisas:

Deus não fez um mundo maior que sua capacidade.
Deus não pratica o mal. Atribuir a Ele a desgraça deste mundo é afirmar que ao criar Ele superou a si mesmo. Não podendo realizar coisas terríveis como estas que acontecem conosco, constituiu um mundo mal que fizesse por Ele.
Teria desejos em causar o sofrimento, mas incapaz providenciou uma existência que proporcionasse a concretização destes desejos. Neste caso a criação seria um verdugo e Deus um caprichoso que gosta de assistir o sofrimento alheio.

...Deus não pode ser tentado, e a ninguém tenta pelo mal. – Tiago 1:13

Deus não fez um mundo anti-Deus.
Deus é bom. Dizer que Ele criou o mundo para fazer o mal, é afirmar que o mundo subsiste à revelia, e foi projetado para realizar maldades com requintes. Deus teria desejos de sofrer, pois trouxe à existência algo que o atinge no âmago e também teria prazer em fazer sofrer o seu Filho.

Admitindo estes valores:
Deus não fez um mundo maior que sua capacidade;
Deus não fez um mundo anti-Deus;
O mal é uma realidade do mundo contrária a Ele;
Deus se satisfez com sua criação.

Resta considerar que esta satisfação, vem da identificação da essência do Criador com a obra-prima.
A criação não é obra de projeção nem de superação divina.

Deus poderia realizar coisas horrendas, porém por uma livre escolha, decidiu jamais praticar o mal. Sua escolha pelo bem se sustenta em sua própria natureza. “Ele permanece fiel para sempre, pois não pode negar a si mesmo”. – 2 Timóteo 2:13.
O homem também pode praticar coisas terríveis, mas diferente de Deus, possui limitações que o tornam suscetível. Deus não é tentado pelo mal, mas o homem sim.

Deus incriado e bom, não precisa de nada além de si. Nele há tudo o que ele mesmo necessita para que sempre pratique o bem. Esta é uma, dentre outras, que o faz Deus.
Diferindo de Deus, o homem não possui em si mesmo compleição suficiente.
A árvore do conhecimento do bem e do mal, ensina que o homem não possui bondade perfeita capaz de inviabilizar o mal. Se ele tentar permanecer fiel buscando em si mesmo o necessário, se tornará infiel.
Por outro lado, apesar de não ter em si a bondade perfeita que o impeça de ser tentado, a árvore também demonstra que Deus não colocou o mal no homem, mas deu-lhe liberdade inclusive para contrariá-lo.
Em Deus só há o bem, do contrário ele seria o tentador. Nele não há maldade, injustiça, morte e nem sombra destas coisas.O mal existe somente fora dele. O homem a cada dia precisa se deparar com a árvore e fazer sua escolha.

Se Deus é bom porque acontecem coisas ruins no mundo?
Por que Deus fez o mundo livre.
E viu Deus que era tudo muito bom. Não a prática do mal, nem as dores próprias da limitação da criação, mas um ambiente livre em que o amor pode florescer por causa de livre-escolha. Deus viu que não existe nada melhor do que amar e ser amado. E que a dor pode ser um ingrediente eficaz para revelar o amor verdadeiro e puro.
Deus provou o seu amor por nós, se unindo à nossa limitação e não acabando com ela e nem retirando a liberdade da criatura.

Eliel Batista

Comentários

  1. Grande professor...Fala Eliel, o livre-arbitrio nos explica muitas coisas, revela-nos esse amor descrito...
    VAleu pelas aulas que tem sido muito construtivas, e destrutivas né hahahaha
    Abraços

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