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Mostrando postagens de 2025

Os Céus dos Galileus

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Há dois céus sobre nós — e talvez em nós. Dois modos de olhar o infinito, dois caminhos para compreender a vida. O céu do Galileu de Nazaré e o céu de Galileu Galilei . O primeiro céu, do Galileu de Nazaré, é o do pescador. Aquele que, ao olhar para cima, não busca respostas cósmicas, mas o sinal de que o tempo será bom para o trabalho, de que o vento soprou do lado certo. O céu que decide o pão do dia, o rumo do barco e o humor da alma. É o céu que sabe que é na interação com a natureza que se chega ao “ dai-nos hoje o pão de cada dia ”. Quando Jesus fala: “ Pai nosso que estás nos céus ”, esse homem simples não pensa em astros ou galáxias. Ele pensa em presença. Pensa num Deus que sopra o vento certo, que acalma o mar, que reparte o peixe, que ilumina a madrugada fria com o sol de um novo começo. O céu, para ele, não é um lugar distante — é o sopro que o sustenta. É o espaço entre o medo e a fé, onde se lança a rede mesmo depois de noites vazias. É o céu da confiança, da relação, do...

Fé e Política: bênção ou maldição?

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Translator     Fé e Política: bênção ou maldição? O alerta de Spurgeon Charles Spurgeon advertiu: “Somente os tolos acreditam que política e religião não se discute. Por isso os ladrões continuam no poder e os falsos profetas continuam a pregar.” Mais de um século depois, sua frase permanece assustadoramente atual. O hábito de silenciar diante desses temas, acreditando que isso evitará conflitos, não trouxe paz. Trouxe ruína. A omissão nunca é neutra: ela fortalece justamente aqueles que exploram a fé para manter poder e injustiça. Fé que ultrapassa os muros A fé cristã não é confinada ao tem...

Porque as manifestações fracassam

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Translator Porque as manifestações fracassam no Brasil: a cordialidade que terceiriza o radicalismo Há um traço recorrente na nossa autoimagem nacional: gostamos de nos ver como cordatos, pacíficos, alegres. O país do “deixa disso”, da conciliação de última hora, do sorriso que resolve. É verdade que há uma fração da sociedade que cultiva outros valores e nos empurra para a violência — basta olhar ao redor. Mas, no geral, preferimos a superfície tranquila. E é justamente aí que começa o problema: confundimos pacificação com omissão. No discurso, celebramos a moderação. Na prática, terceirizamos o r...