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O Tribunal Da Graça - Aliança de Amor

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Paulo em sua carta aos Romanos usa uma linguagem forense. Ele elabora os pressupostos do significado da morte de Jesus a partir dos aspectos legais romanos. Para ele Jesus é o Filho de Deus por direito e os crentes por nomeação, que ele denomina de chamado. Para os romanos estas questões de cidadania e adoção só se resolviam por aspectos legais, razão do uso deste tipo de linguagem, principalmente para um ministro cujo lema “faz de tudo para com todos”. O drama a ser resolvido consistia em dirimir a impossibilidade de um escravo receber a cidadania, pois sua condição existencial jamais lhe permitiria. Para eles somente o imperador era filho de Deus, portanto, todos os demais jamais poderiam receber tal qualificação. Evidente que para se montar a cena de um tribunal não pode faltar a linguagem da punição, pois qualquer execução da lei trata-se exatamente de punir os erros. Mas ao mesmo tempo Paulo precisa demonstrar a sabedoria de Deus em revelar Cristo como o seu amor. Um exerc...

Entre desejos e realizações para o Ano Novo

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A passagem de ano nos dá a sensação de posse. Aquela que nos informa que temos a oportunidade de recomeçar. Refazer o que não foi efetivado, o que deixamos de fazer ou os planos frustrados. Nesta época abrimos na consciência a possibilidade de que tudo pode ser revisto na perspectiva de se tentar novamente. Ainda bem que temos esta experiência de passagem de ano. Penso ser este um ritual mítico. O mito de que o tempo passa. Começa e termina em fases possibilitando de alguma maneira misteriosa recompor e também o da existência de pausas que possibilitam brecar o tempo e assim contarmos sua passagem. Também gera a sensação de certo controle. Numa espécie de “bricolagem do tempo” podemos juntar os pedaços e fazer algo mais especial que antes, nos sentimos senhores. Na verdade podemos fazer isto a qualquer hora, em qualquer ponto ou fase de nossas vidas, mas preferimos a passagem de ano. Infelizmente divididos entre o ser e o fazer corremos o risco de nos iludirmos nesta passagem. Relativi...

Natal - amor é simples assim

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O Natal é uma data extremamente significativa no calendário cristão. Apesar da incerteza do dia específico, temos por certo que o grande evento anunciado pela voz do anjo comunicou uma profunda e amorosa mensagem de Deus. Disse o anjo: “ Estou lhes trazendo novas de grande alegria. Hoje na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Isto lhes será de sinal: encontrarão o bebê envolto em panos deitado numa manjedoura ”. A biografia de Jesus diz que seu primeiro sinal milagroso foi um ato: Ele transformou água em vinho. Mas o primeiro sinal da plenitude divina, da revelação da exata expressão de Deus tal qual jamais ouvida ou vista, foi simples. Os anjos cantando anunciaram afeto, ternura e humildade. Este grande sinal não foi a visão de um super homem ou de um príncipe em vestes reais, mas um frágil e singelo bebê. Nada de vestes sacerdotais pomposas, mas envolto em panos. Sem trono, sem berço de ouro ou mesmo um quarto resplandecente. Apenas um porão de hospedaria d...

LUTAR E PERDER? - A FORÇA DE UM HERÓI

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Quem luta com Deus e ganha, sempre perde. Assim é como eu interpreto algumas histórias de homens que lutaram com Deus. A saga mais conhecida quando se fala neste assunto é a de Jacó que lutou com Deus como um príncipe e venceu, tanto que seu nome de enganador (Jacó), passou a ser Israel. Mas o que escapa da atenção de alguns pregadores, principalmente os da prosperidade, é que esta luta de Jacó se dá numa categoria bem diferente do usual. Nem quero aqui citar as linhas de interpretações judaicas que divergem sobre quem era o “homem” com quem ele lutou. Vou direto para o profeta Oséias que informa que Jacó “ No ventre da mãe segurou o calcanhar de seu irmão; como homem lutou com Deus. Ele lutou com o anjo e saiu vencedor; chorou e implorou o seu favor ” ( 12:3-4 ). Jacó em prantos, arrebentado implora o favor - busca a charis divina - palavra que indica o favor e a beleza de Deus para com o mundo. Uma ousadia bem diferente. Mas temos ainda outros personagens que me parece, estabelecer...

POR QUE SÓ O SENHOR É DEUS?

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O meu nome, Eliel uma expressão hebraica, significa Deus é Deus. Numa transliteração quer dizer aquele cujo Deus é o Único Senhor. Após pensar sobre a fé cristã e como melhor significar no cristianismo a expressão Único Senhor, cheguei a algumas idéias. Para nós os cristãos a leitura inicial do Gênesis deveria se desvencilhar dos detalhes poderosos do ato criador. A maneira como a Bíblia descreve Deus chamando à existência algo sem ter necessidade alguma, não enfatiza este poder do tipo estóico que tanto cultivamos. Uma divindade com poderes extraordinários que ordena e exigentemente cria é comum a todas as expressões religiosas. Todas as divindades são reconhecidas como poderosas. Nosso esforço em apresentar o Senhor como o Deus dos deuses, ou como o mais poderoso o diminui. Este procedimento apenas classifica-o como mais um entre muitos. Isto não o revela como o Único Senhor, mas como possuidor de maior força. A consciência da santidade de Deus deve nos levar a enfatizar...

VIVER ENTRE O BEM E O MAL

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Provem, e vejam como o SENHOR é bom. Salmo 34: 8 A vida vem de Deus; um sopro invasivo que nos torna sensíveis. Ele no-la deu com uma consciência para que viver fosse um experimentar-Deus. A criatura experimentando o Criador, ou o finito experimentando o infinito. Se isto está correto, viver é antes de tudo uma experiência sensorial e não moral. A dádiva da existência o meio de se experimentar os sabores da vida. Desta maneira viver é uma questão de paladar. Aprende-se viver saboreando a vida e quando o paladar apura entra a morte. Deus é sentido e não entendido. A verdadeira vida é experimentada e não definida. Assim podemos afirmar que a experiência de viver neste mundo não é boa ou má, mas doce ou amarga. Uma vida menos conceitual e mais sensorial. Quando falamos que o mundo é ruim, precisamos adequá-lo em uma referência ao sabor e não à moral. Na narrativa do Éden em Gênesis, a procura de Deus por Adão sobre sua localização, não é uma busca de definição espac...

NÓ TEOLÓGICO

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Interessante observar que os escritores dos evangelhos se propõem a demonstrar que Jesus de Nazaré é o Cristo de Deus. João ousado em sua proposta, afirma ser propositadamente seletivo na narração para demonstrar que Jesus é o Filho de Deus (João 20:31). Paradoxalmente ao propósito, quando lemos os evangelhos percebemos uma ênfase na humanidade de Jesus e não em seu poder divino. Marcos chega à ousadia de destacar a referência que Jesus fazia a si mesmo não como Filho de Deus, mas como Filho do homem. Nesta perspectiva percebo a diferença entre a fé dos primeiros cristãos e a nossa. Qualquer um de nós tivesse o objetivo de provar que um carpinteiro é Deus, não se esforçaria em demonstrar suas fragilidades, mas sim sua força divina. Esforçamo-nos em provar que Jesus de Nazaré tem qualificativos divinos. Queremos de todas as maneiras demonstrar a divindade do carpinteiro. Por outro lado, os evangelistas se mostram minuciosos ao descreverem Deus humano, que chora, se compadece, s...